O leão nu.
After walking a good while, Afonso hears a voice.
Who is there? - the voice asks, from distance.
Who is? - responds Afonso.
Who are you talking to? - asked Aline, who is silenced by Afonso, who gestures for her to quiet down.
I need help here - says the voice.
Afonso gives some steps towards the voice.
Guide us to you - he says.
Yes - says the voice. - We can chat until you find me.
While walking, Afonoso spoke to the voice, while Aline listened carefully.
Who are you? - Afonso asks.
I'm Aristeu - answered the voice.
Where are you from?
From Vila do Gambá - the voice answers. - I came looking for food here, hunting, but I couldn't find prey and ended up getting lost. I'm days without food and I almost have no strength to get up.
Hearing that it's a predator, Afonso asked Aline to get the machete that they brought in the backpack.
- I never heard about Vila do Gambá - says Afonso.
The voice was getting closer.
- It's a recluse village, at east from the forest's great hill - says the voice.
Afonso pushed the bushes away from his way and saw the source of the voice: a maneless lion, completely nude. He seemed too weak to do anything beyond speaking.
- Save yourself - says Afonso, reaching for his canteen and giving water to Aristeu.
After the drink, Aristeu could sit up, but the hunger made him so dizzy that he soon fell again.
He looks very ill - says Aline. - We have to take him to Marista.
I hope they don't be bothered by his nudity - says Afonso.
I'll carry him - says Aline, putting Aristeu on her back and walking the way back.
Indeed, Aristeu was lighter than the supplies backpack, so Aline could carry him with no problem. After some dozens of minutes, they reached Marista. Aristeu would have fainted from heat if it wasn't for the water that he had just drink.
He looks very dehydrated - says Afonso.
Give him more water - says Aline.
Marista is still small, occupying the space of a big recently-deforested glade, with a road that give to Quitéria, the nearest city. Since the city wasn't so safe anymore, moving the commercial activities to a far place ended up being the best course of action. That way, it would only be needed to strongly police one district. The geographers' first-aid tents were at the margins of the glade. There were only four barter tents. The arrival of a nude lion carried by Aline attracted attention from some scouts, who offered help. One of them, a mole, had some herbs and thick roots, which contained protein, and offered himself to make a juice out of them, knowing that a lion wouldn't want to eat the herbs and roots in their pure state. Aristeu was put in one of the first-aid tents, on a mat.
The doctors (an eagle, an armadillo and a penguin) verified that Aristeu's only problem was lack of nutrient. He had to rest, drink enough liquid and eat. Since it's illicit to hunt close to the cities, he had to drink root juice. After the liquid meal and a six-hour rest, Aristeu woke up, seeing Afonso sitting beside him, with Aline, playing cards.
I already told you to not do this move - says Aline.
You won't find a man if you play by the rules - says Afonso.
They noticed that Aristeu was awake.
- How do you feel? - asked Aline.
Depois de andar um bom tempo, Afonso escuta uma voz.
Tem alguém aí? - a voz pergunta, à distância.
Quem é? - responde Afonso.
Com que você está falando? - pergunta Aline, a qual é silenciada por Afonso, que gesticula para ela aquietar-se.
Eu preciso de ajuda aqui - diz a voz.
Afonso dá alguns passos na direção da voz.
Nos guie até você - ele diz.
Sim - diz a voz. - Podemos conversar até você chegar a mim.
Enquanto andava, Afonso falava com a voz, enquanto Aline ouvia atentamente.
Quem é você? - Afonso pergunta.
Sou Aristeu - responde a voz.
De onde és?
Da Vila do Gambá - a voz responde. - Eu vim procurar comida por aqui, caçar, mas não encontrei presas e acabei me perdendo. Estou há dias sem comida e quase não mais tenho forças pra me levantar.
Ouvindo que era um predador, Afonso pediu que Aline pegasse o facão que eles traziam na mochila.
- Nunca ouvi falar dessa Vila do Gambá - diz Afonso.
A voz ficava mais próxima.
- É uma vila reclusa, à leste do grande monte da floresta - diz a voz.
Afonso afastou os arbustos na frente dele e viu a fonte da voz: um leão sem juba, totalmente nu. Ele parecia fraco demais pra fazer qualquer coisa além de falar.
- Se poupe - diz Afonso, lançando mão de seu cantil e dando água para Aristeu.
Depois da bebida, Aristeu pode se sentar, mas a fome o deixara tão tonto que ele logo caiu novamente.
Ele parece muito mal - diz Aline. - Temos que levá-lo pra Marista.
Espero que não se incomodem com sua nudez - diz Afonso.
Eu levo ele - diz Aline, colocando Aristeu em suas costas e começando o caminho de volta.
De fato, Aristeu era mais leve do que a mochila de suprimentos, então Aline podia levá-lo sem problemas. Depois de algumas dezenas de minutos, eles chegaram à Marista. Aristeu teria desmaiado com o calor se não fosse a água que tinha acabado de beber.
Ele parece bem desidratado - diz Afonso.
Dá mais água pra ele - diz Aline.
Marista ainda é pequena, ocupando o espaço de uma grande clareira recém-desmatada, com uma estrada que dava para Quitéria, a cidade mais próxima. Como a cidade não era mais tão segura, mover as atividades comerciais para um lugar afastado acabou sendo a saída encontrada. Assim, só seria necessário policiar fortemente um bairro. As tendas de primeiros-socorros dos geógrafos ficavam nas margens da clareira. Só havia quatro tendas de escambo. A vinda de um leão nu sendo carregado por Aline chamou atenção de alguns escambistas, os quais ofereceram ajuda. Um deles, uma toupeira, tinha algumas ervas e raízes grossas, que continham proteínas, e se propos a fazer um suco com elas, sabendo que o leão não iria querer comer as ervas e as raízes em seu estado puro. Aristeu foi colocado numa das tendas de primeiros-socorros, numa esteira estendida no chão.
Os médicos (uma águia, um tatu e um pinguim) constataram que o único problema de Aristeu era a falta de nutriente. Ele tinha que descansar, beber bastante líquido e comer. Como não é lícito caçar próximo das cidades, ele teria que beber os sucos de raiz. Depois da refeição líquida e seis horas de repouso, Aristeu acordou, vendo Afonso sentado ao seu lado, com Aline, jogando cartas.
Já disse pra não fazer essa jogada - diz Aline.
Não vai arrumar um homem se jogar segundo as regras - diz Afonso.
Eles perceberam que Aristeu havia acordado.
- Como se sente? - perguntou Aline.